La poesia e la sapienza del mondo, di Marco Ceriani

Maurizio Cucchi: O Quotidiano e Glenn, por Elena Santi

O poeta milanês Maurizio Cucchi (1945) faz do quotidiano e do mundo dos objetos corriqueiros um dos pontos principais de suas coletâneas. A linguagem poética se abre para as solicitações que vêm do dia a dia, dilatando-se e inscrevendo-se em uma corrente poética que visa romper algumas das barreiras da língua da poesia. Procurando seus referentes na área lombarda, os poetas que o inspiram trabalham nessa perspectiva, ou seja, de uma poesia que seja impoética e que busque ampliar seu horizonte para poder descrever a realidade. Em relação aos poetas que o inspiraram, Cucchi comenta: 
O encontro com as obras de Sereni, Giudici, Raboni, em especial, foi para mim decisivo.
Confirmou-me algo em que acreditava, isto é, que não existe um vocabulário das palavras e
um repertório das experiências poéticas, mas que cada elemento do real e da língua pode ser
objeto e matéria da poesia.
(CUCCHI apud PETERLE; SANTI, 2017, p. 123)
Contemporaneamente, desde seus exórdios poéticos com Il disperso (1976), sua poesia se desenvolve a partir do resgate da figura paterna (Glenn, 1982; L'ultimo viaggio di Glenn 1999), de uma memória familiar dilacerada e da tentativa de recuperar poeticamente esses fragmentos. Em outras palavras, o tema da reconstrução da vida do pai se declina e se articula de maneira complementar através das coletâneas, criando um enredo de ressonâncias.


Maurizio Cucchi
No Brasil, ainda não estão disponíveis traduções sistemáticas das coletâneas de Maurizio Cucchi, mas alguns poemas podem ser lidos em Un'altra voce. Antologia di poesia italiana contemporanea (Marcos y Marcos, 2003), organizado por Franco Buffoni com a tradução de Giulia Lanciani, e Vozes: cinco décadas de poesia italiana (Comunità Italiana, 2017), em que os poemas estão disponíveis tanto em italiano quanto em português na tradução de Patricia Peterle. Diz o poeta por meio de seus versos: 


Eu sou um solitário 
que observa o mundo,
as multidões, e saboreio
as raízes, diante dessa agave

despelada e dos tijolos
da margem à vista
(CUCCHI apud PETERLE; SANTI, 2017, p. 129)





como cita: SANTI, Elena. Maurizio Cucchi: O Quotidiano e Glenn. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.1, jan. 2020. Disponível em
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209964