La poesia e la sapienza del mondo, di Marco Ceriani

A poesia da periferia, Milo De Angelis, por Luiza Faccio

                                                            Fotografia de Dino Ignani


    
 Milo De Angelis, nasceu em Milão no ano de 1951, local onde vive e ensina no Carcere di Milano Opera, uma prisão de segurança máxima. De Angelis é também poeta e tradutor do francês e das línguas clássicas. É um escritor com muitas obras publicadas, sendo a última intitulada Incontri e agguati (2015). O poeta milanês é muito significativo na poesia italiana contemporânea e tem em suas obras uma poesia que expressa o obscuro, a dor do ser e do existir. Tem um olhar atento para aquilo que se move na periferia, estando o cárcere, local de seu trabalho, muito presente em sua poesia.
     No Brasil, ainda não temos traduções de obras completas do poeta, mas os leitores podem conhecer um pouco mais sobre ele e sua poesia, através do livro Vozes:cinco décadas de poesia italiana, lançando em 2017.  Este é um livro que reúne poemas e entrevistas traduzidas de diferentes poetas italianos:


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De Angelis, no livro fala sobre diversos assuntos relacionados aos seus poemas e as suas experiências. O poeta fala um pouco também dessa relação do cárcere e como isso entra em seus versos, "[o] presídio é um lugar de dor, remorso, expiação, crueldade: há, portanto, todos os requisitos para acomodar a mensagem poética e para ser por sua vez fonte de inspiração." (Vozes, p. 202) Em seu último livro, Incontri e agguati, o poeta insere essa realidade periférica das pessoas com as quais convive no seu dia a dia, em seus versos.

Esta noite roda a veia
da minha pedra para falar-te ainda
da vida, de mim e de ti, da tua vida
que observo dos grandes noturnos e te prescruto e ouço
um vazio nunca extinguido na fronte, um vazio
torrencial que te agitavas no vermelho dos jogos
e agora retorna e ainda retorna
e aprisiona a dança das sílabas
onde acontecias ritmicamente e tu
és ofendido por uma voz monocorde e tu
perdes o novelo dos dias e quebras
a tua única ampulheta e estagnas e queria
te ajudar como sempre mas não posso
fazer nada além de uma fuga partigiana deste círculo
e olhar o breu que te oscila entre as têmporas e te castiga,
filho meu.
do universo e eu saio, come vês,

(Vozes, p. 207)


     Aqui neste poema podemos ter sentir um pouco como são os poemas de De Angelis, algumas palavras se destacam como "aprisiona", "perdes o novelo dos dias", "vermelho dos jogos", todas que podem nos remeter a este local do cárcere. Não só deste local fala a poesia do poeta Milanês, mas também desta Milão das margens.

     A entrevista, que se encontra em Vozes é de suma importância para os leitores que gostariam de conhecer um pouco mais sobre o autor; lá Milo De Angelis fala um pouco mais sobre a sua relação com a poesia, com os poetas que lhe são mais relevantes e que são também referências ao poeta. 


como citar: FACCIO, Luiza. A poesia da periferia, Milo De Angelis. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.2, fev. 2020. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209944