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Literatura Italiana Traduzida ISSN 2675-4363
Cesare Pavese
poesia italiana
Trabalhar cansa
em
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Imagem tirada deste Site |
Nascido no início do século XX e com publicações concentradas nos seus primeiros 50 anos, Cesare Pavese (1908-1950) pode ser visto como um clássico do Novecento devido a seu estilo, língua e uma particular voz narrativa e poética, sem esquecer de seu trabalho editorial e de tradução. Crítico literário, sobretudo da literatura norte-americana, foi por muitos anos editor da Einaudi.

É curioso ressaltar que, embora sua primeira publicação tenha sido em 1936, enquanto estava preso - Pavese ficou preso durante 3 anos por intermediar a correspondência de sua amante e um amigo clandestino - houve uma segunda edição em 1943, na qual o poeta fez algumas modificações e acréscimos. Foi essa edição posterior que serviu de base para a edição bilíngue de Trabalhar Cansa (Ed. Cosac Naify e 7 Letras, com tradução de Maurício Santana Dias, 2009).


Dentre as outras obras do autor publicadas no Brasil, temos:
1987: O Belo Verão (La Bella Estate), ed. Brasiliense;
1988: Mulheres Sós (Tra Donne Sole), ed. Brasiliense, tradução de Julia Marchetti Polinesio;
2001: Diálogos com Leucó (Dialoghi con Leucò), ed. Cosac Naify, tradução de Nilson Moulin.
Para concluir, apresento o poema "Trabalhar Cansa", presente na coletânea homônima, e no qual pode-se observar o estilo poético de Pavese.
Trabalhar cansa
Travessar uma rua fugindo de casa
só um menino o faria, mas este homem que passa
todo o dia nas ruas não é mais menino
e não foge de casa.
Em pleno verão,
até as praças se tornam vazias de tarde, deitadas
sob o sol que começa a cair, e este homem que chega
por um parque de plantas inúteis detém-se.
Vale a pena ser só para estar cada vez mais sozinho?
Simplesmente vagar, pois as praças e ruas
estão ermas. Forçoso é abordar uma mulher
e falar-lhe e fazê-la viver com você.
Do contrário, se fala sozinho. É por isso que às vezes
algum bêbado à noite dispara discursos
e repassa os projetos de toda sua vida.
Certamente não é esperando na praça deserta
que se encontram pessoas, mas quem anda nas ruas
se detém vez ou outra. Estivessem a dois
mesmo andando na rua, sua casa estaria
onde está a mulher. Valeria a pena.
Mas de noite essa praça retorna ao vazio
e este homem que passa não vê as fachadas
entre luzes inúteis nem ergue seus olhos:
sente só o ladrilho que outros homens fizeram
com mãos secas e duras, assim como as suas.
Não é justo deixar-se na praça deserta.
Com certeza há de andar pela rua a mulher
que, chamada, viria ajudar com a casa.
(1934)
(1934)
Para informações mais específicas a respeito das publicações mencionadas nessa postagem, acesse o Dicionário de Literatura Italiana Traduzida no Brasil
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