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Literatura Italiana Traduzida ISSN 2675-4363
Agnes Ghisi
Giorgio Caproni
poesia contemporânea
em
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Ao falarmos da poesia moderna italiana, é inevitável tangenciar a produção de Giuseppe Ungaretti (1888 - 1970) e Eugenio Montale (1896 - 1961), autores de estilos distintos e, talvez por isso mesmo, tão importantes para a formação das gerações da cena literária italiana que se seguiram. Entre os grandes nomes da poesia que leram e releram a força estilística ungarettiana e montaliana, está o de Giorgio Caproni, autor cuja poética é foco de minha pesquisa*.
A respeito de Ungaretti, Caproni comenta que seu primeiro contato se deu com a obra Allegria di Naufragi (Vallecchi, 1919), que trata da experiência da guerra nas trincheiras, o que é interessante visto que, como muitos dos leitores de Caproni sabem, a guerra é um tema que marca grande parte da sua poética (considerando que as primeiras publicações do nosso poeta foram realizadas antes dessa experiência, elas não abordam esse nem outros temas mais "adultos", mesmo porque recolhem "o epitáfio de sua juventude" (CAPRONI, BETOCCHI, 2007, p. 65)).
Em relação a essa obra ungarettiana, Caproni diz que o que despertou seu interesse, a sua curiosidade, foi a "rugosidade do papel e, sobretudo, pelo modo estranho - quase uma palavra em cima da outra - como era composto"** (op. cit., p. 225). Outra produção de Ungaretti que marcou bastante o jovem Caproni foi Sentimento del Tempo (Vallecchi, 1933), um dos grandes marcos do hermetismo italiano, corrente literária caracterizada por versos enxutos e ricos em analogia. A influência de Ungaretti aparece mais no último Caproni, pois o que o marcou foi "primeiramente, o silabário da poesia, depois (...) o que significa ser um homem inteiro, um coração e uma mente inteiros e abertos a irradiar calor e confiança ao redor, e coragem." (trecho de A Porta Morgana: ensaios sobre poesia e tradução, org., intro. e tradução de Patricia Peterle, com prefácio de Enrico Testa, Rafael Copetti Editor, 2018, p. 231)
Montale (Nobel de Literatura, 1975) também é um dos grandes nomes do hermetismo italiano, ao menos em um primeiro momento desse movimento. Se com seu silabário Ungaretti marcou o jovem Caproni que estava para prestar serviço militar, Montale é inspiração para a musicalidade do Caproni de formação musical (violino e solfejo). Nosso poeta começou estudando música no conservatório e, depois de algumas frustrações, descobriu na poesia, na palavra, a sua paixão. Entretanto, isso não fez com que se esquecesse das características musicais da língua italiana. A esse respeito, Caproni comenta "mas [ter entendido ainda menos aqueles versos] não importa. Fiquei tão transtornado pela onda daquela música, que desde então nunca mais me separei [de Ossi di Seppia]" (op. cit., p. 233).
Esta é a primeira de uma série de postagens intitulada "Amizades Literárias". Inicialmente, falaremos das amizades de Caproni com outros grandes nomes da literatura, com isso, poderemos observar pontos convergentes e divergentes na poética do Novecento.
Para mais informações, acesse o Dicionário de Literatura Italiana Traduzida no Brasil
como citar:
GHISI, Agnes. Amizades Literárias: Giorgio Caproni e a poesia italiana
contemporânea. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.2, fev. 2020.Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209945
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