La poesia e la sapienza del mondo, di Marco Ceriani

Para conhecer: Fabio Pusterla, por Agnes Ghisi

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Fabio Pusterla

     
  O poeta, tradutor e crítico literário Fabio Pusterla, nascido em Ticino, na Suíça, em 1957, teve sua estreia no Brasil na Flip deste ano (2018), com a publicação de Argéman: antologia poética (Macondo, 2018, com tradução de Prisca Agustoni, também poeta e suíça, e orelha de Guilherme Gontijo Flores). Ativo desde sua estreia literária em 1985, Pusterla venceu, entre outros, os prêmios Schiller, o Librex Montale e, mais recentemente, o Prêmio Napoli. Neste texto de apresentação do autor, trazemos para os leitores brasileiros um de seus poemas com uma proposta de tradução nossa.



Argéman
       Pusterla é tradutor do também suíço Philippe Jaccottet, escritor francófono que, como Pusterla, aborda em seus poemas os dialetos de sua região (no caso de Jaccottet, o do cantão Vaud; de Pusterla, o da região da Lombardia). Como já comentado, Pusterla foi traduzido no Brasil por Prisca Agustoni, nascida na mesma região que o poeta, e ela também poeta (semifinalista do Prêmio Oceanos 2018 com Casa dos Ossos (Macondo, 2017)). Observamos, então, uma linha traçada entre tradutores poetas, todos suíços – italófonos e francófonos –, que estão em busca de uma documentação linguística própria. Para Prisca, a poesia de Pusterla é "uma desesperada escavação existencial à procura de uma palavra que 'fale' de uma comunidade entre os viventes, entre os do passado e os do futuro, para que um fio transparente – como uma teia – possa religar essas dimensões temporais e simbólicas, fazendo renascer daí algum sentido".
      Na Flip do ano passado, Agustoni apresentou um de seus poemas em que trabalhou esse entrelaçamento linguístico que observamos, ainda que de outras maneiras, em Pusterla e Jaccottet, e pode ser assistido aqui; também, no canal do YouTube, a poeta lê um dos poemas de Pusterla, em italiano e em português:



      Falar de um autor que ainda está se construindo, que está em movimento, é uma tarefa complexa, visto que o que pode ser dito hoje não necessariamente poderá ser reafirmado amanhã - a linha de seu trajeto poético continua a ser traçada. Neste texto, então, buscamos trazer para o leitor um desses movimentos, ou um movimento num dado momento. O poema escolhido é da coletânea Corpo Stellare (Marcos y Marcos, 2010), cujo título dá nome à obra, e é escrito no italiano standard.

"Mi segui con un pensiero, sei un pensiero
che non devo nemmeno pensare, come un brivido
mi strini piano la pelle, muovi gli occhi
verso un punto chiaro di luce. Sei un ricordo
perduto e luminoso, sei il mio sogno
senza sogno e senza ricordi, la porta che chiude
e apre sulla corrente di un fiume impetuoso. Sei una
                                                                         cosa
che nessuna parola può dire e che in ogni parola
risuona come l'eco di un lento respiro, sei il mio vento
di foglie e primavere, la voce che chiama
da un posto che non so e riconosco e che è mio.
Sei l'ululato di un lupo, la voce del cervo
vivo e ferito a morte. Il mio corpo stellare."


"Me segues com um pensamento, és um pensamento
que não devo nem mesmo pensar, como um arrepio
me chamuscas suave a pele, moves os olhos
para um ponto claro de luz. És uma lembrança
perdida e luminosa, és o meu sonho
sem sonho e sem lembranças, a porta que se fecha
e se abre sobre a corrente de um rio impetuoso. És uma 
                                                                               coisa
que nenhuma palavra pode dizer e que em cada palavra
ressoa como o eco de um lento suspiro, és o meu vento
de folhas e primaveras, a voz que chama
de um lugar que não sei e reconheço e que é meu.
És o uivo de um lobo, a voz do cervo
vivo e mortalmente ferido. O meu corpo estelar."
(Tradução de Agnes Ghisi)


como citar: GHISI, Agnes. Para conhecer: Fabio Pusterla. In Literatura Italiana Traduzida, v.1, n. 2, fev., 2020. Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209912