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Literatura Italiana Traduzida ISSN 2675-4363
Elena Ferrante
Prosa contemporânea
Rosi Chraim
em
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As línguas, para mim, têm um veneno
secreto que, de vez em quando, aflora e para o qual não há antídoto.
Elena Ferrante.
"Desde a obra e pela obra"
É dessa forma que Elena Ferrante, pseudônimo utilizado pela autora,
deseja ser conhecida e reconhecida, e o foi. Seus primeiros escritos,
publicados em 1992, ganharam o mundo, ou boa parte dele. Desde o italiano,
língua em que a obra é originalmente escrita, seus livros foram traduzidos para
mais de quarenta países, entre eles, o Brasil. De todos os seus livros, o que
teve mais eco foi a "série napolitana", tetralogia editada em quatro
volumes, que vendeu mais de quatro milhões de exemplares. Além das traduções,
sua obra ganhou, também, formato de série para televisão, com produção da
emissora pública italiana Rai e da rede norte-americana HBO.
Entre alguns críticos o fato de a autora ter usado pseudônimo, causando
um certo mistério sobre quem escreve e fertilizando o imaginário do leitor,
também auxiliou para o que foi chamado "febre Ferrante", tornando a
própria autora, uma criação ficcional.
Mas, acreditando que o que importa é o texto, a autora mantém os
leitores fiéis, causando, inclusive, movimentos de grupos, em especial das
áreas de humanas, para pensar e discutir sobre temas de suas obras.
Com uma escrita fluída e aparentemente leve a autora relata questões do
cotidiano tornando o texto familiar para o leitor e permitindo que ele se
reconheça e se inclua. São histórias que trazem em seu bojo, em seu enredo,
"dramas" e "tramas" da inquietude humana, em especial do
“mundo feminino”. Há quem diga, também, que Elena Ferrante seria uma feminista,
por tratar, na maioria das vezes, de questões relacionadas às mulheres.
No entanto, mesmo sendo situações ou personagens femininas, as palavras,
que escolhe para discorrer sobre certos sentimentos e a forma como escreve,
apontam para aquilo que é da ordem do sujeito – de qualquer sujeito.
“Eu estava como alguém que
conquista a própria existência e sente um mundo de coisas ao mesmo tempo, entre
elas uma ausência insuportável",
Encontra-se, em certos momentos, uma escrita quase que memorialística,
quase biográfica, dando a impressão de que a autora toma sua própria memória ou
pormenores de sua própria vida, para relatar acontecimentos, lugares e
situações... Talvez por causa disso, tantos investigaram e confabularam sobre o
verdadeiro nome da autora. Mas, para o leitor que se atém e que vai além da
trama, sabe que isso não importa (ou que não importa tanto assim), pois sua
leitura o inclui aproximando-se, inclusive, da escrita – permitindo que se sinta
um “escrileitor”.
como citar:
CHRAIM, Rosi Isabel Bergamaschi. Elena Ferrante, autor, obra ou leitor.
In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.3, março. 2020.Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209904
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