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Literatura Italiana Traduzida ISSN 2675-4363
Crítica literária
Gesualdo Maffia
Pier Paolo Pasolini
em
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Das numerosas resenhas que Pasolini reúne
na seção “Sui testi” [Sobre textos] da coletânea Passione e ideologia [Paixão
e ideologia], faço aqui uma sintética reconstrução, que não inclui todos os
poetas resenhados, mas traz uma amostra daquilos que Filippo La Porta definiu
“retratos memoráveis” de boa parte dos principais poetas da primeira metade do
século XX[1], em que o objetivo
crítico de Pasolini parece redimensionar a força autônoma do Novecentismo, ou
seja da experiência do hermetismo, encontrando nesse ascendências tardo-oitocentistas
presentes e cruciais também em sua poética e prosa crítica dos anos 1950.
Os autores resenhados são colocados na
tipologia de oito itens que Pasolini elaborou quando escreveu o ensaio sobre
Pascoli, publicado originalmente na revista “Officina” em 1955 e,
sucessivamente, na abertura da segunda parte de Passione e ideologia.
A tipologia, aqui reproduzida, foi pensada para dar conta da herança deixada
por Giovanni Pascoli que caracterizou, de várias formas segundo Pasolini, o
experimentalismo poético até os meados do século XX. Muitos destes poetas são
hoje reconhecidos pela crítica comparatista como parte do modernismo italiano,
não reconduzível a uma escola, a um grupo homogêneo ou às vanguardas (por
exemplo ao Futurismo ao Surrealismo), mas a um conjunto de tendências e
experiências poéticas individuais, conscientes da ruptura profunda com o
passado que, elaborando as lições de Nietzsche, Bergson e Freud, colocam a
literatura italiana no caminho de outras literaturas europeias contemporâneas da
primeira metade do século XX.[2]
A tipologia inclui: 1) Os crepusculares e
seus epígonos, que usam a língua falada no sentido de koiné (língua
média) na poesia; 2) Camillo Sbarbaro e Umberto Saba, com sua violência
expressiva no uso da língua instrumental em poesia; 3) a “poesia média
dialetal” (exemplificada por Cesare De Titta, Nino Costa, Giovanni Lorenzoni)
do início do século XX, com seu léxico vernacular; 4) as formas impressionistas
de Corrado Govoni; 5) as invenções analógicas que depois serão de Giuseppe
Ungaretti; 6) o “vocabulário da metafísica regional ou terrestre de Eugenio
Montale”; 7) uma religiosidade amenizada, mas também evidenciada suntuosamente
nos órficos, como Arturo Onofri; 8) uma parte dos
herméticos, condicionados pela poética do Fanciullino (Carlo
Betocchi, Attilio Bertolucci, Alfonso Gatto).[3]
De Ungaretti, um dos maiores, Pasolini
demonstra preferir as poesias dos anos 1930, vistas talvez em chave
autobiográfica pelo tipo de sofrimento interior do qual são testemunho. A
postura de Ungaretti, que oscila tortuosamente entre “nostalgia por culpa” e
auto absolvição, que coloca Deus em uma dimensão própria da infância, parece
remeter à ingênua passionalidade que continuamente queima o desejo de rigor em
Pasolini.[5]
Extraído (com adaptações) de
MAFFIA, Gesualdo. Pasolini crítico
militante. De Passione e ideologia a Empirismo
eretico. São Paulo: Nova Alexandria, 2019, pp. 160-63.
_____________________
Como citar: MAFFIA, Gesualdo. "A crítica poética de Pasolini na década 1950". In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.3, março. 2020.
Disponível em https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209885
_____________________
[2] Cfr. LUPERINI,
Romano. “Modernismo e poesia italiana del primo Novecento”. http://www.leparoleelecose.it/?p=7629.
Consultado em 09/04/2020.
[3] Cfr. PASOLINI, Pier Paolo.
“Pascoli”. IN.: Saggi
sulla letteratura e sull’arte. Milão: Mondadori, 2008, pp. 1001-002.
[5]Idem, p. 1103. “Un poeta e Dio” [Um poeta e Deus]. Sobre esta
comparação LA PORTA, Filippo. Pasolini, Op.
Cit., p. 78.
[6] Ibidem, p. 1096. Tradução
do verso por Haroldo de Campos. IN.: Revista USP, São Paulo (37): 186-191,
março/maio 1998.
[7] Ibidem.
[8] Ibidem, p. 1123.
“Saba: per i suoi settant’anni” [Saba pelos seus setenta anos].
[9] Ibidem, p. 1124.
[10] Ibidem, p. 1173.
“Implicazioni di una ‘Linea lombarda’” [Implicações de uma ‘Linha lombarda’].
[11] Ibidem, p. 1174.
[12] Ibidem.
[13] Ibidem.
[14] Ibidem, p. 1175.
[15] Ibidem, p. 1177.
[16] Ibidem.
[17] Ibidem, p. 1166.
“Caproni”.
[18] Ibidem.
[19] Ibidem, p. 1169.
[20] Ibidem, p. 1148.
“Come leggere Penna” [Como ler Penna].
[21] Ibidem.
[22] Ibidem.
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