La poesia e la sapienza del mondo, di Marco Ceriani

Edmondo De Amicis, por Adriana Marcolini


Autor irrequieto e difícil de ser enquadrado em uma definição literária precisa, Edmondo De Amicis (1846-1908) escreveu novelas, crônicas, poesias, romances, literatura de cunho pedagógico, relatos de viagem e memorialística. Também foi jornalista. Nascido em 1846 em Oneglia, na Ligúria, De Amicis cresceu no Piemonte e passou a maior parte da vida em Turim. Tinha apenas 16 anos quando ingressou na Academia Militar de Modena, em 1862. Foi o início de uma breve, mas intensa, carreira militar, marcada por suas primeiras incursões profissionais com a série I Bozzetti di Vita Militare, publicada pelo jornal do Exército L’Italia Militare. A coletânea das primeiras doze crônicas reunidas sob o título La vita militare. Bozzetti (DE AMICIS, 1868), marcou a estreia do autor junto ao editor Emilio Treves, que teria seria o principal divulgador de sua obra.


De Amicis deixou o Exército em 1870, quando passou a se dedicar de corpo e alma para o jornalismo e a literatura. Os livros de viagem constituem um capítulo único no corpus da sua obra e representam uma novidade na linguagem jornalística. É nesta fase que sua fama se consolida: Spagna (1873); Olanda (1874); Ricordi di Londra (1874); Marocco (1876); Costantinopoli (1878-79). O autor não se misturava com as populações locais. Nos livros que se passam em países fora do continente europeu, observa-se uma postura de superioridade – reflexo da mentalidade eurocêntrica típica da época. Dois livros de viagem deamicisianos estão publicados no Brasil: Holanda (1925), com tradução de Martins Ferreira, foi lançado em 1925 pela Livraria Francisco Alves/Editora Paulo de Azevedo, de São Paulo, e Marrocos, publicado pelo Círculo do Livro em 1947. Infelizmente, o nome do tradutor deste último não foi divulgado.

Edmondo De Amicis escreveu o famoso livro Cuore (1886), inicialmente publicado no Brasil em 1959 sob o título de Coração, pela Editora Francisco Alves/Editora Paulo de Azevedo, com tradução de João Ribeiro. Há várias outras edições de Coração no Brasil. A última, de 2011, é da editora Cosac & Naify, de São Paulo. Com posfácio de Antonio Faeti, tem tradução assinada por Nilson Moulin. 

Em 2017 a editora Nova Alexandria lançou Em Alto-Mar, em coedição com o Istituto Italiano di Cultura de São Paulo (IIC-SP). A obra era inédita no Brasil. Com tradução e introdução de Adriana Marcolini, e prefácio de Renato Poma, na época diretor do IIC-SP, a edição é acrescida de uma breve biografia do autor e de dois relatos de De Amicis sobre o Rio de Janeiro. Os textos cariocas são fruto da breve estadia do escritor na cidade, durante a viagem de retorno à Itália. Em Alto-Mar também tem duas ilustrações de Arnaldo Ferraguti que fazem parte da edição de luxo do livro, lançada em 1890.






Considerado o primeiro romance da emigração italiana, Sull’Oceano, título original da obra, foi lançado em 1889 pelo editor Treves, de Milão. Chegou à proeza de ter dez edições em apenas duas semanas. Toda a narrativa se passa a bordo do navio Galileo, em que o autor viajou de Gênova a Montevideo, em 1884. A trama é delimitada pelo espaço do navio e pela duração da viagem de três semanas: espaço e tempo. Esses contribuem para que o drama dos emigrantes aflore sem rodeios. O Galileo transportava na terceira classe 1.600 emigrantes italianos com destino à Argentina (à exceção de uma minoria que ia para o Uruguai), 50 passageiros na primeira e 20 na segunda. Tinha 200 tripulantes. O livro é um microcosmo da sociedade italiana da época. Saltam aos olhos os ressentimentos e as raivas dos emigrantes com relação às elites que lideraram o processo que culminou com a unificação territorial e política da Itália, em 1861.

Para mais informações sobre os títulos acesse o Dlit.


como citar: MARCOLINI, Adriana. Edmondo De Amicis. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.4, abril. 2020.Disponível em
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/209892