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Imagem: pxhere.com |
Nos versos de Ungaretti, o caminhar do poeta se liga, indissoluvelmente,
ao peregrinar do homem. Seu percurso de vida deixa marcas, resíduos, que
restituem fragmentos ao poeta, na sua dimensão humana e artística. Sua figura é
profundamente italiana e intrinsecamente cosmopolita ao mesmo tempo. Podemos
usar seus versos para falar de sua condição de híbrido: “Sou um poeta / um
grito unânime / sou um grumo de sonhos // sou um fruto / de inúmeros contrastes
e enxertos / amadurecido em uma estufa”[1]
(UNGARETTI, 2000, p. 57). Nesse breve poema, Ungaretti expressa sua natureza
plural e híbrida. Uma declaração de intenções e uma imagem do trabalho poético.
A repetição anafórica do verbo “ser” na primeira pessoa, conjugado em um
presente atemporal, que parece expressar uma qualidade quase ontológica do
poeta, mostra uma realidade retratada como se fosse uma constatação. O poeta é
um coágulo, um acoplamento de vozes, que se confundem e ressoam. Na segunda
estrofe, Ungaretti se descreve como um fruto, nascido de cruzamentos, enxertos,
cuja genealogia já não é mais traçável. O segundo verso, cuja disposição
adjetival e de substantivos se organiza em volta da palavra “contrastes”,
sublinha a natureza híbrida do poeta. A rima interna imperfeita (em italiano) conecta
poeticamente os termos “contrastes” e “enxertos”, destacando como o ânimo do
poeta é, contemporaneamente, percorrido por fraturas aparentemente insanáveis,
e recebe aportes constantes, de todo tipo. Seu percurso de vida o levou a
crescer longe de sua terra natal, na Itália, que, metaforicamente, se torna a estufa
em que foi enxertado, em que cresceu. Mas, ao mesmo tempo – assim como a
palavra “enxertos” sugere uma genealogia não natural do poeta, pessoa que foge
ao regime natural das coisas, mas, graças à sabedoria do lavrador, se torna
outro – a palavra “estufa” marca esse fato, ou seja, de como, por trás das
formações poéticas, há intencionalidade, procura, cuidado, e não é somente
fruto de uma série de eventos fortuitos. O caminho poético de Ungaretti se
desenvolve em conjunto à sua trajetória humana.
Nascido em Alexandria, no Egito, procurando uma identidade nacional,
transita por várias partes do mundo, atravessa a França, a Itália, o Brasil, em
um contínuo peregrinar sem descanso. E seus versos recolhem as sugestões, os encontros,
a tristeza desse caminho. A amizade com Apollinaire, os contatos com a
vanguarda francesa, a Primeira guerra mundial, que marca, cava e esvazia tanto
a alma quanto o texto poético, a experiência humana e de docência na USP, onde
conhece a arte brasileira, as esculturas barrocas de Aleijadinho, a poesia de
Drummond, Murilo Mendes, Vinícius de Moraes, e muitos outros. Nesse lugar sofre
o maior luto de sua vida, a perda prematura do filho, e a poesia que, de novo,
muda, se torna mais sombria, mas, também, mais suave.[2]
A experiência ungarettiana no Brasil tem em si a semente de muitas das mudanças
que caracterizam a poesia de Ungaretti após a década de quarenta:
Desejo, em suma, confessar, que devo
ao Brasil se cheguei a entender o Barroco que inflige tanto tormento, há anos,
à minha inspiração e à minha técnica expressiva. Compreendi, claramente, no
Brasil o valor do choque que havia no Barroco e por que razão o encontro entre
inocência e memória e entre natureza e razão devesse sempre manifestar-se
violento. E eu o compreendi – devo reconhecê-lo mais contemplando-lhe o céu e a
paisagem, viajando-o e lendo-lhe os escritores, conhecendo-o, naqueles lugares,
naquele quadro, face a face com a Morte, enquanto injuriava inexorável sobre a
criatura humana que me era mais cara, do que admirando-lhes as igrejas da Bahia
ou em Minas, igrejas que, no entanto, são encarnações belíssimas do Barroco.
Que digo eu? Às igrejas de Minas não oferecia a sua obra o Aleijadinho, o
escultor-arquiteto, o Michelangelo, mulato, mutilado em suas mãos pela lepra, e
que esculpia fazendo ligar-se aos cotos de braços o escalpelo e o macete?
Poderá existir uma arte mais perturbada pelo vento do Barroco, mais subvertida
pela desesperada esperança, do que aquela que se agita nos seus Profetas? (UNGARETTI
apud PETERLE, 2013, p. 111)
Se, por um
lado, Ungaretti alcança grandes reconhecimentos pessoais, como poeta e como
professor, por outro, vive momentos de sofrimento profundo, de dor dilacerante.
Por esse viés pode ser lida a aproximação com o Barroco e a arte de
Aleijadinho, que faz de seu sofrimento, de sua mutilação, sua força criadora.
Ungaretti
nos conta seu percurso poeticamente, em um texto muito conhecido e emblemático,
por meio da grande metáfora continuada dos rios, que encarnam seu caminhar,
atravessando países, mas também a poesia. O poeta se encontra em Cotici, na
Itália, próximo a San Martino del Carso, à beira do Isonzo, rio em que se
reconheceu “dócil fibra / do universo”[3]
(UNGARETTI, 2017, p. 60). Partindo desse lugar, o poeta segue sua peregrinação,
quase como se fosse o fluxo das águas de rios que molham os lugares para ele
mais significativos, e que no Isonzo se resumem, chamados na memória (“Estes
são meus rios / contados no Isonzo”[4]
(UNGARETTI, 2017, p. 59-61)), no momento epifânico da contemplação do rio como
teatro de guerra. Repensa as origens familiares, nas planícies toscanas
molhadas pelo rio Serchio, para depois nomear o Nilo, lugar da juventude, que o
viu “nascer e crescer / e arder de inconsciência / em suas vastas planices”[5]
(UNGARETTI, 2017, p. 60-61). E, por fim, o Sena, o rio da maturidade, das
experiências poéticas e culturais de Paris, do crescimento como homem,
intelectual, poeta: “Este é o Sena / em suas águas turvas / me mesclei / e me
descobri”[6]
(UNGARETTI, 2017, p. 59-61). No final da retrospectiva, o poeta volta para a
situação atual, à beira do Isonzo, lugar que o coloca frente à vastidade da
morte, da devastação. Um poema, então, que se desvenda e flui através de
lugares e territórios, que parte da metáfora aquática para contar e se contar,
para dar voz. Não por acaso, o poema ungarettiano “Os rios” apresenta uma menor
obscuridade em relação a outros da fase hermética. A necessidade de traçar
percursos, fazer balanços, tomar posição, pelo menos no caso de Ungaretti,
vence as barreiras de uma linguagem áspera e enxuta, fortemente elítica, se
coagulando em um texto em que, parcialmente, a dimensão narrativa é
restaurada. Na poesia de Ungaretti, o
rio é o elemento que permite ao poeta se ler, percorrer sua experiência de
vida. O transcorrer dos próprios anos, da própria experiência, é comparado ao
fluir do rio, que no seu trajeto perpassa várias pátrias, regiões, lugares
geográficos, transporta seus resíduos, seus sedimentos poéticos.
Para o
brasileiro João Cabral de Melo Neto, o rio também é um elemento fundamental,
mas de outro modo. No seu longo poema de versos breves, “O rio”, é o próprio
rio que toma a palavra e conta sua experiência atravessando o sertão, seus
campos, as construções humanas, as usinas, as represas, para se juntar, por
fim, às águas. Como de costume, a língua
é seca, com adjetivação escassa, mas que recria o fluir da água por meio de
repetições anafóricas, quase sempre em cláusula, rimas irregulares, por vezes
imperfeitas e que restituem uma dimensão de fluidez, sem arranhar a matericidade
dos versos cabralinos: “Até este dia, usinas / eu não havia encontrado. /
Petribu, Muçurepe, / para trás tinham ficado, / porém o meu caminho / passa por
ali muito apressado. / De usina eu conhecia / o que os rios tinham contado.”
(CABRAL, 1994, p. 11-143). A enumeração dos lugares assume importância central.
O ritmo simples, regular, quase de canção popular, confere ao poema uma
atmosfera cotidiana. Mesmo sem nunca abandonar o dado material, esse, com
frequência, se transfigura em um emblema que transporta o texto na reflexão
metafórica sobre o homem e a poesia:
O canavial é a boca
com que primeiro vão devorando
matas e capoeiras,
pastos e cercados;
com que devoram a terra
onde um homem plantou seu roçado;
depois os poucos metros
onde ele plantou sua casa;
depois o pouco espaço
de que precisa um homem sentado;
depois os sete palmos
onde ele vai ser enterrado.
(CABRAL, 1994, p. 11- 143)
No poema
cabralino, a relação com o território é dada por meio do fluir do rio, metáfora
do olhar poético, que passa e lê o território, e leva consigo os signos
deixados pelos lugares no seu fluir.
Por
analogia, podemos pensar no olhar de outro poeta, de Livorno, mas genovês de
adoção, Giorgio Caproni. No texto de Cabral é o rio que conta sua história, atravessando
os lugares que, nesse fluxo, são narrados. No poema caproniano é o olhar do
poeta que percorre o espaço e o narra. A cidade é elemento vivo, vivido,
experienciado, reelaborado e fruto de uma constante inspiração poética. Se,
como já indicado por Mengaldo e retomado por Peterle, Caproni é o “poeta da(s)
cidade(s), não de paisagens tradicionais” (PETERLE, 2015, p. 64), podemos
detectar como essa afirmação se matiza de maneira diferente em seus textos,
criando uma série de referências e ecos internos à sua produção, uma trama
plural e compósita.
Seguindo o
exemplo de Patricia Peterle, no ensaio “Tangenciando ‘ruinosamente’ Giorgio
Caproni”, nos detemos em dois poemas da coletânea Il passaggio di Enea [A passagem de Eneias] (1956). No
texto “Stornello”, a cidade é trazida para o interior do poema por meio de uma
série de sinédoques que pertencem à área semântica da geologia, focando-se nos
materiais, nas pedras, nas areias que compõem a cidade: “Minha Gênova defesa e proprietária. / Ardósia minha.
Arenária.” (CAPRONI, 2011, p. 125). Ao mesmo tempo, contudo, essa cidade tão
granítica e mineral, traz consigo a leveza do ar: “Gênova minha de pedra. Íris.
Ária.” (CAPRONI, 2011, p. 125).
Outro poema, “Ladainha”, que fecha a coletânea,
apresentando uma forma um pouco distante dos textos antecedentes. A estrutura é
de maior amplitude e se destaca em relação aos sonetos “monobloco” da seção “I
lamenti” [Os lamentos], em que os versos se estilhaçam em pequenas unidades,
farpas de realidade que penetram nos textos. Como escreve Peterle:
se
em Stornello, a cidade portuária é construída por
meio das imagens de marcas como ardósia e arenária, pedra e ária, em Ladainha,
último poema do livro Il passaggio d’Enea, composição fragmentada (não
mais I lamenti, o soneto monobloco), é perfilada a imagem de uma cidade
em flashes, partida, vivenciada e experienciada, impossível de ser tratada
dentro de uma totalidade. Cidade, portanto, da experiência urbana, de atmosfera
concreta e rarefeita. (PETERLE, 2015, p. 70)
A poesia caproniana se desenvolve por meio de uma
longa série de orações nominais, que incorporam objetos, elementos, matérias e
sensações que têm como ponto de partida a cidade. Gênova é descrita de maneira
minuciosa e fragmentária, não permitindo uma visão completa do espaço urbano:
Ladainha
Gênova minha cidade inteira
Gerânio.
Celeiro
Gênova de ferro e ar,
minha
lousa, areal
Gênova cidade asseada.
Brisa
e luz na sacada.
Gênova verticalizada,
vertigem, ar, escada.
Gênova preta e branca.
Cacúmen.
Distância.
Gênova onde não vivo,
meu
nome, substantivo.
Gênova meu rimário.
Puerícia.
Silabário.
Gênova minha traída,
remorso
por toda vida.
Gênova em comitiva.
Júbilo.
Alma viva.
Gênova de solidão,
ruazinhas,
exaltação.
Gênova de limão.
De espelho. De canhão.
Gênova de se entrever,
tijolos,
cascalho, barreira.
[…]
Gênova de lamentos.
Eneias.
Bombardamentos.
Gênova desesperada,
em vão por mim implorada.
Gênova de La Spezia.
Infância que se greta.
Gênova de Livorno,
partida sem retorno.
Gênova de toda a vida.
Minha
ladainha infinita.
Gênova de bacalhau
e
de cravo, alvo
fixo
aonde ruma
a
andorinha: a rima.
(CAPRONI, 2011, p. 127-139)
O de Caproni é um caminhar que não é físico. A sua
Gênova é retratada, portanto, em “Ladainha”, por meio dos fragmentos, dos flashes do cotidiano, quase como para
sublinhar a impossibilidade de uma visão do conjunto da cidade, que é sentida e
vivida em seus componentes mínimos, seus objetos, seus becos, e devolve
experiências e emoções plurais. Esses flashes,
contudo, são apresentados em uma sucessão quase cinematográfica. O olhar do
poeta cumpre seu percurso na cidade, num espaço que é, contemporaneamente,
vivido e relembrado. Pedaços de memória que se fixam em seu olhar enquanto
passeia e se desloca pelas ruas de sua cidade e que, sucessivamente, são
reelaboradas em material poético. A montagem, caótica e desordenada, desses
fragmentos, gera uma narração, um deslocamento, que abre um caminho entre os
becos e as esquinas da cidade. Por meio dessa montagem, que coloca diretamente
o olhar e o passo do leitor na cidade, essa parece se encontrar numa atmosfera
suspensa, em ausência do tempo. É uma forma de esquecimento, essa, que, como
afirma Marc Augé, nasce da suspensão: “aquela pausa, aquele esquecimento
momentâneo do passado e do futuro simultaneamente, aquela trégua entre a
lembrança e a espera”[7]
(AUGÉ, 2012, p. 66). O espaço da cidade, uma vez que é subtraído do seu fluir
temporal linear, pode ser reescrito, repensado, por meio do olhar do poeta, que
percorre, caminha, observa.
No nosso itinerário, perpassamos experiências
poéticas que mostram possibilidades e concepções poéticas diversas, que se
intersectam quando fazem do percurso
um momento importante do
próprio trabalho poético. E essas experiências, tão heterogêneas, mostram as
possibilidades de um gesto tão plural e complexo. Partimos do trajeto de
Drummond, interrompido por uma pedra que se torna mais importante do que o
próprio caminho. O encontro
com ela muda o rumo do percurso. Falamos de ruelas que levam o leitor para dentro das
cidades, em seus lugares nevrálgicos, como no caso de Caproni. Vimos, também,
percursos que começam a partir dos ecos de lembranças, ou que caminham para
trás, na tradição, como em Montale. Encontramos o percurso de uma vida contado
por meio da metáfora do rio, como em Ungaretti, mas vimos também o espaço
contado e agido pelo rio, como em João Cabral. A trama que os une apresenta
muitas lacunas, espaços vazios de lugares não percorridos, memórias que
continuam a operar em potência. O fio que os une é o fragilíssimo fio do
assíndeto. Não um assíndeto sintático, mas da memória e da linguagem que omitem
algumas ligações e partes inteiras do discurso. Essa caminhada, assim como todo
tipo de caminhada, “continua saltando,
saltitando, como a criança, ‘num pé só’. Pratica a elipse de lugares
conjuntivos” (CERTEAU, 2003, p. 181). O
percurso da poesia é também o nosso, como estudiosos, leitores, que se perdem
nos versos, os juntam e os afastam na memória, esquecem de alguns que, subitamente,
reemergem, lançando uma nova luz sobre as reflexões conduzidas. É um peregrinar
constante, um movimento que une leituras, pesquisas, estudos, encontros.
Como citar: SANTI, Elena. " Itinerários poéticos: Percursos pela poesia italiana e brasileira (parte 2)". In "Revista de Literatura Italiana", v. 3, n. 2, mai-ago, 2022. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/233059
________________________
REFERÊNCIAS
AUGÉ,
Marc. Rovine e macerie. Il senso del tempo. Torino: Bollati e
Boringhieri, 2012.
CABRAL, João de Melo Neto. Obra Completa. A cura di Marly de
Oliveira. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
CAPRONI,
Giorgio. A coisa perdida. Agamben comenta Caproni. A cura di Aurora
Fornoni Bernardini. Trad. Aurora Fornoni Bernardini. Florianópolis: Editora da
UFSC, 2011.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Vol. I Artes de fazer: Cultura:
Sociologia. Trad. Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 2003.
PETERLE, Patricia. Tangenciando “ruinosamente”
Giorgio Caproni. In: PETERLE, Patricia; DE GASPARI, Silvana (org). Arquivos
poéticos: desagregação e potencialidades do Novecento italiano. Rio de Janeiro: 7Letras, 2015, p.
55-72.
PETERLE, Patricia. Paragens e passagens:
possível coleção abissal de Giuseppe Ungaretti. In: MARSAL, Meritxell Hernando et
al (a cura di). Estéticas Migrantes. Rio
de Janeiro: Editora Comunità, 2013.
UNGARETTI, Giuseppe. Tutte le poesie. Milano: Mondadori,
2000.
UNGARETTI, Giuseppe. Poemas. Tradução
de Geraldo Holanda Cavalcanti. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2017.
[1] “Sono un poeta / un grido unanime / sono un grumo di sogni // sono un
frutto / d’innumerevoli contrasti d’innesti / maturato in una serra” (tradução
nossa). A tradução desses versos
em português tem como único objetivo o de auxiliar o leitor na compreensão do
texto.
[2] Nesse sentido destacamos o capítulo “Poesia e
experiência: A Alegria e a primeira guerra”; “Poesia e esperienza: l’Allegria e
la prima guerra” de Lucia Wataghin en: PETERLE, Patricia (org). Resíduos
do humano. São Paulo: Rafael Copetti, 2019.
[3] “una docile fibra / dell’universo” (tradução
de Geraldo Holanda Cavalcanti).
[4] “Questi sono i miei fiumi / contati nell’Isonzo” (tradução de Geraldo
Holanda Cavalcanti).
[5] “nascere e crescere / e ardere d’inconsapevolezza / nelle distese
pianure” (tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti).
[6] Questa è la Senna / e in quel suo torbido / mi sono rimescolato / e mi
sono conosciuto” (tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti).
[7] “Quella pausa,
quell’oblio momentaneo del passato e del futuro simultaneamente, quella tregua
fra il ricordo e l’attesa” (tradução nossa).
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