La poesia e la sapienza del mondo, di Marco Ceriani

O que é uma carta de um condenado a morte?, por Leonardo Bianconi

 

Imagem: Leonardo Bianconi


Conversa com o Prof. Dr. Giovanni Pietro Vitali: Last Letter’s das Guerras Mundiais: formação da língua italiana, identidade e memória nos textos do conflito.


     No dia 24 de julho 2020 tive o prazer de realizar a entrevista/conversa com o pesquisador italiano Prof. Dr. Giovanni Pietro Vitali sobre o projeto de analise cultural, histórica e linguística das cartas dos condenados a morte da Grande Guerra e da Segunda Guerra Mundial na Itália. A entrevista pode ser vista no canal do NECLIT (Núcleo de Estudos Contemporâneos de Literatura Italiana) no YouTube. No intuito de possibilitar o aprofundamento das questões discutidas na entrevista, propomos aqui um resumo comentado, a bibliografia, as referências e os principais endereços eletrônicos, de acordo com a sequência em que elas aparecem no vídeo.
     O projeto Last Letter’s[1], idealizado por Giovanni Vitali, teve o financiamento da bolsa de estudos da Comunidade Europeia Marie Curie Actions, que visa á valorização da pesquisa. Trata-se de uma bolsa sem a separação por áreas, ou seja, o proponente de um projeto da área de humanas concorre igualitariamente com as outras áreas. O projeto ainda contou com o auxilio do Istituto Nazionale Ferruccio Parri, dedicado ao estudo e a análise da Resistenza italiana e da sociedade contemporânea. Desse modo, Last Letter’s pôde se integrar ao projeto UltimeLettere que funciona como um banco de dados onde se pode acessar as cartas já digitalizadas acrescidas de uma biografia e outros detalhes dos condenados que puderam escrever uma última carta. LastLetter’s conta ainda com um canal no YouTube, onde é possível ouvir a leitura de algumas das cartas levantadas pelo projeto e uma longa entrevista a Luciano Boccalatte – diretor do Instituto Piemontês para a História da Resistência e da Sociedade Contemporânea de Turim – comentando assuntos como os tipos de últimas cartas e a diferença entre os escritores.
     No início da entrevista, logo depois da apresentação do pesquisador Giovanni Vitali, indicamos a leitura de seu livro que na época estava no prelo, mas agora já foi publicado. Intitulado Voices of Dissent; Interdisciplinary Approaches to New Italian Popular and Political Music, publicado em 2020 pela editora inglesa Peter Lang, trata-se de uma análise da música política italiana dos anos de 1960 até os dias de hoje, que pode interessar a pesquisadores italianistas no Brasil.
    Dividida em quatro partes, podemos ver no primeiro bloco da entrevista a explicação do projeto. O que chama a atenção nessa parte é a importância, para a Itália, da ideia de “última carta” de um condenado a morte.[2] Segundo Vitali, essa importância se dá com a publicação da coleção de cartas dos condenados à morte da Resistenza italiana[3], organizada por Giovanni Pirelli e Piero Malvezzi, em 1952, ou seja, poucos anos depois do conflito.
     No prefácio de Enzo Enriques Angoletti (partigiano e político italiano) para a primeira edição da coletânea de cartas de Malvezzi e Pirelli podemos ler:

 
O povo italiano encontrou, naqueles anos, novos valores e valores esquecidos, não tanto sepultados na tradição e na história do nosso país, quanto presentes e por descobrir na alma de cada um.
Podemos nós, devemos nós procurar estes valores também nas cartas que reunidas? Podemos vencer a comoção que aperta a garganta quase a cada frase e tentar entender os profundos motivos das ações destes homens?[4]
 
A presente entrevista-conversai se desenvolve justamente no sentido de pensar esses novos valores e aqueles esquecidos, que são perpetuados ao revisitar essas últimas cartas e explorar aquelas ainda escondidas nos arquivos de Estado e ou arquivos pessoais. Mesmo tangenciando todo esse trabalho, lendo ou ouvindo uma carta aqui ou acolá, é difícil permanecer indiferente ao aperto na garganta causado por algumas palavras. Às vezes bastam apenas um nome e uma data para encher de emoção esses escritos feitos no limiar de uma vida.
 Questionado sobre o trabalho de pesquisa em arquivos, não apenas na Itália, Vitali nos diz que um dos problemas é a questão da definição de “última carta”, pois diante do texto deve-se verificar se realmente trata-se de uma última carta, ou seja, que aquela carta diz respeito a um condenado que foi executado: “existe”, pergunta-se retoricamente Vitali, “um gênero “última carta”?”. Na ausência de dados biográficos, principalmente de soldados prisioneiros da Primeira Guerra Mundial, esse trabalho de fazer o levantamento e o cruzamento de informações demanda mais tempo do que a própria pesquisa em arquivo. Contudo, Vitali reforça a importância desse passo na pesquisa para determinar que tipo de documento tem-se em mãos: documento de fantasia, ficcional, uma carta, ou uma última carta? 
Na tentativa de uma definição de última carta, Vitali cita a carta de Lorenzo Orsetti[5] – jovem italiano que foi morto em 2019 combatendo contra o Estado Islâmico – para expor o conceito de “testamento espiritual”[6], introduzido pelo historiador Mimmo Franzinelli[7]. O testamento espiritual trata-se de um gênero textual específico, ou seja, é uma carta em que, no momento da escrita, a pessoa não está condenada a morte e nem em um momento de risco de vida aparente. Franzinelli apresenta cinco tipologias de testamento espiritual que são derivadas do cruzamento de duas situações: a captura e a presença ou ausência do pressentimento de morte. É importante notar que, para Vitali, é justamente a existência dessas duas situações que podemos definir como os elementos que conectam todos esses textos nos quais “o autor exorta, admoesta, instrui, comunica seu legado espiritual e as razões de suas escolhas e ações.” No site do projeto Ultime Lettere, por coerência com o livro de Pirelli e Malvezzi, foram consideradas “últimas cartas” as escritas depois da captura.
Vitali acena sobre a importância de se estudar essas cartas, pois as últimas cartas dos condenados da Resistenza italiana “pintam, descrevem um patrimônio antifascista e antitotalitarista, que está na base da sociedade que nasceu depois da queda do fascismo e também da queda dos totalitarismos de direita na Europa.”. Ele ainda acrescenta que ao comparar e analisar as cartas de condenados da Primeira Guerra com aquelas da Segunda, no âmbito da pesquisa, pretendia seguir os rastros da passagem que a sociedade italiana fez no momento em que a língua italiana se torna a língua da unidade nacional. É importante ressaltar que Vitali termina a primeira parte da entrevista comentando sobre os formatos e os suportes de uma última carta. Lembrando que nos estudos de material epistolar podemos estudar separadamente a mensagem do suporte que a carrega, analisando o texto independente do suporte e, ou, vice e versa.  Essa premissa é importante para percebermos que nem sempre essas cartas se apresentam na forma clássica como, por exemplo, num pequeno pedaço de papel dobrado e amarelado, às vezes pode ser apenas um nome e uma data incisa na parte interna de uma bolsa, na parede como mostrado acima no filme de Rossellini ou, ainda, sobre um pedaço de pão. Esse detalhe amplifica a ideia de “última carta”, onde muitas vezes temos apenas o indício de que alguém, naquela data, pode ter sido executado. 
Na segunda parte Vitali comenta sobre como nasce uma última carta, segundo ele o condenado, ou quem escreve um testamento espiritual, não sabe que está escrevendo uma última carta. O que defini esse momento é o pressentimento de morte. Quem decide escrever algo para alguém como uma última mensagem é porque pressente a morte próxima. Sobre a estrutura textual, Vitali comenta que, por conta da emotividade que envolve a carta, o texto está fora de uma configuração formal e sempre muito próximo da oralidade.
Sobre o conteúdo, Vitali diz que algumas cartas surpreendem, pois nem sempre são direcionadas aos familiares ou aos caros como podemos imaginar. No corpus de sua pesquisa consta uma carta direcionada ao futuro governo da Itália, uma carta aos futuros dirigentes daquele país depois da queda do fascismo, de autoria de Giuseppe Bonizzi.

 
Forte S. Leonardo, 30-5-44
Para o Governo da Nova Itália
Entre poucos minutos serei assassinado pela simples culpa de ser um verdadeiro Italiano, por um pelotão de execução alemão. Não esqueça novo governo e saiba da minha longa agonia, da viuvez de minha mulher, mãe dos meus dois pequenos filhos. (...) [8]
 
Vitali comenta que, apesar da particularidade temática dessa carta, ainda sim podemos perceber o tom de esperança, pois é este “o elemento paradoxal de uma última carta (...). São cartas escritas a poucos passos da morte, mas cheias de esperança: a esperança de ser perdoado no último momento, ou a esperança de que aquele texto chegue às pessoas que ama e a esperança de que a Itália seja, um dia, diferente.”. De uma perspectiva comunicativa, Vitali compara uma última carta com as mensagens que estamos habituados hoje, onde todos podem ler aquilo que outros estão pensando, a escrita de uma última carta se torna menos invasiva. Torna-se um momento onde tudo se congela e resta apenas o essencial.
Ao ser questionado sobre a relação entra as cartas, o arquivo e a memória na sociedade contemporânea, Vitali expõe o projeto do Atlas dos Massacres Nazifascistas[9], proposto pelo Istituto Nazionale Ferruccio Parri, para comentar sobre o trabalho de sobrepor os locais dos massacres, das prisões e das cartas.
Fig. 1 Mapa desenhado e publicado no perfil de 
Giovanni Vitali nas redes sociais. (18 de outubro de 2018).

Esse esforço gerou um material muito interessante onde é possível ver os deslocamentos no mapa e no tempo[10] das ações das tropas nazifascistas. Vitali diz que essa memória, essas lembranças da Primeira e da Segunda Guerra são fragmentadas e que a função do pesquisador é justificar, historicamente, os fatos contados. Neste ponto da entrevista ele comenta que publicou, nas redes sociais, um mapa (Figura 1) juntando informações prévias da pesquisa associando as cartas de condenados ao espaço geográfico italiano, gerando uma cartografia dos massacres que puderam ser separados segundo seus executores: pontos vermelhos massacres realizados pelos nazistas; pontos pretos realizados pelos fascistas e pontos verdes massacres cometidos por nazistas e fascistas em colaboração. Esta publicação lhe gerou muitos comentários e replicações que expuseram uma problemática ideológica, que Vitali identificou como “sinal de que os materiais que saem do arquivo, que depois são repertoriados (...) quando você coloca esses dados no papel, no computador nesse caso, (...) e realmente desencadeia questões fortes e memórias diferentes de fatos históricos.” Como legenda do mapa na sua página de face book, Vitali escreveu que

 
Esta é a primeiríssima elaboração dos dados colocados sobre o mapa: um rascunho que logo completarei.
Quando alguém vos diz frases como “o fascismo é antes de tudo um sorriso” (Luca Marsella), ou ainda um “ministro” que faz grosseiro citacionismo social com frases do Duce, pensem neste mapa dos massacres perpetrados e terão uma imagem daquilo que o fascismo foi para o nosso país. (tradução nossa).   

 
Baseado na memória pessoal, Vitali comenta sobre suas lembranças das festas de comemoração da Resistenza e da libertação da Itália para tecer algumas relações entre memória e a música Bella Ciao. Canção que deveria integrar todos os setores políticos e sociais vai, com o tempo, sendo abandonado por uma parte e sendo assumida pela outra parte, aumentando o espaço entre esses setores que dificulta a construção de um dialogo em tempo hodierno.
Sobre Bella Ciao, Vitali a define como uma música de amor que se conecta com os contos populares italianos. Ele cita duas versões mais conhecidas, sendo uma a versão política que nomeia o resistente italiano e outra cantada pelo grupo italiano chamado Le Mondine (nome que também se refere às mulheres que colhiam o arroz nos arrozais do norte da Itália), versão na qual é retratada as dificuldades do/a trabalhador/a rural. Ainda sobre a versão política, nessa conversa conseguimos estabelecer uma relação direta entre o texto de Bella Ciao com uma última carta, pois trata-se também de uma despedida para seguir a luta pela liberdade, é nítido no texto da canção a esperança por essa liberdade, ao custo da própria morte. A esperança e a morte estão representadas na canção pela flor plantada no alto da montanha (local de refúgio e organização dos resistentes na Segunda Guerra Mundial na Itália).
Na terceira parte da entrevista, Vitali comenta sobre a língua das cartas dos condenados a morte entre a língua literária de léxico amplificado e a língua camponesa/dialetal do combatente.  Vitali chama a atenção para o fato do forte fator emotivo no momento escrita, isso poderia nos fazer pensar em um texto mais livre, contudo não é o que se observa nos textos das cartas, pois o alfabetização escolar  estava completamente atrelada à língua literária. Vitali diz que é comum encontrar construções sintáticas dialetais/agramatical com o uso de um léxico literário com termos complexos.
Ainda sobre a questão da língua italiana, Vitali é questionado se existe relação entre a interlíngua dialeto/italiano com a interlíngua dos estudantes de italiano como língua estrangeira. Vitali diz que o fenômeno linguístico mais facilmente observável nas cartas é o contato entre língua oral e língua escrita.
A última pergunta feita a Vitali é, antes de tudo, uma provocação. Questionei se os condenados a morte que escreveram uma última carta foram traídos pela história, ou seja, o movimento de libertação e a esperança desses combatentes seguiram o curso esperado? Vitali é categórico na resposta, dizendo que sim, foram traídos pela história. Contudo ele deixa claro que o discurso que se abre é bastante retórico. Vitali diz que nos escritos de Beppe Fenoglio[11] – escritor e partigiano –  descobriu “a resistência dos homens para além da resistência das ideias”, fato para ele importante, pois a Resistenza teve um valor, mas ela é traída quando se escuta frases como “o fascismo fez coisas boas”. Para ele a liberdade nunca é gratuita, ela foi presenteada aos italianos de hoje. Segundo Vitali a Resistenza também é traída no momento em que a esquerda italiana se faz um valor exclusivo desse passado e a direita opera uma recusa do mesmo, pois a libertação da Itália deveria representar o valor de todos os integrantes daquela nação e também para além de suas fronteiras.
Para Vitali o problema que se cria na Itália é que as discussões sobre a Resistenza, ou até mesmo sobre a Primeira Guerra, são transformadas em um “derby” – expressão popular do ambiente esportivo que diz respeito à disputa entre dois grupos/times rivais – o que dificulta o diálogo sobre as bases da sociedade italiana constituídas depois da luta contra o nazifascismo. Vitali ainda diz que as polarizações na Itália são um reflexo da tendência italiana de auto absolver-se das responsabilidades. Vitali dá o exemplo do período colonialista, dizendo que é comum ouvir discursos como: “mas nós italianos éramos diferentes”, ou ainda, “quando fomos nós os imigrantes, íamos para trabalhar”. Nesse caso Vitali lembra que a Itália também exportou, com a emigração, um sistema criminoso mundialmente conhecido e eternizado no cinema: a máfia. Vitali reforça o fato de que essas questões devem ser lembradas e discutidas, pois a luta contra o racismo e fascismo deve ser constante.
Agradecemos imensamente ao Prof. Dr. Giovanni Pietro Vitali por se disponibilizar para essa conversa e pelas informações aqui fornecidas.

 
Carta de uma condenada à morte
 
No último bloco, no intuito dar voz a um desses condenados que escreveram uma última carta e de reinvocar o modo das mulheres de viver a Resistenza, Vitali lê a última carta de Irma Marchiani[12] (Nome de batalha: Anty), vice-comandante e combatente partigiana, executada as 17h00min horas de 26 de novembro de 1944. Segue a tradução:

  
“Sestola, da “Casa do Tiglio”, 10 de agosto de 1944

Caríssimo Piero, meu adorado irmão,

 
A decisão que hoje tomo, mas já há muito tempo pensada, me diz que eu devo escrever a você essas linhas. Acredito que você me compreenderá, porque você sabe muito bem que sou de vontade, faço, isto é, sigo o meu pensamento, o ideal que também por um dia nosso avô sentiu, já estou em uma Formação (de resistentes), e lhe digo que o meu comandante tem muita estima e confiança em mim. Espero ser útil, espero não decepcionar os meus superiores. Não lhe surpreende esta minha decisão, verdade?
Estou convencida de que também seria a sua, se tantas coisas não lhe atormentassem. Bem, basta apenas uma da família e esta sou eu. Quando um dia vocês receberem a resposta a uma carta de Pally onde eu o convidei aqui, entre outras coisas ela me respondeu “que direito tenho eu de fugir do perigo comum?” É verdade, mas eu não estava aqui para estar calma, eu estava porque esta cidadezinha agrada ao meu espirito, está no meu coração. Agora tudo é triste, os acontecimentos em curso escondem até as coisas belas com um véu triste, No meu coração se criou a ideia (infelizmente não sentida por muitos) de que todos, mais ou menos, devem dar a sua contribuição. Esse chamado é tão forte que sinto muito profundamente, que depois de ter arrumado todas as minhas coisas, parto contente.
 “Você tem no olhar algo que me diz que saberá comandar”, me disse o comandante, “a sua mente dá o máximo de confiança; eu não teria nem sonhado em assumir mulheres, mas você sim”. E ele tinha me visto apenas duas vezes.
Saberei cumprir o meu dever, se Deus me deixar me presentear com a vida serei feliz, se diferentemente for não chore e não choreis por mim.
Peço-lhe uma coisa apenas: não pense em mim como uma irmãzinha malvada. Sou uma criatura de ação, o meu espirito necessita divagar, mas são todos ideais altos e belos. Você sabe muito bem, caro irmão, sob minha expressão calma, quieta talvez, se esconde uma alma desejosa por alcançar algo, a imobilidade não é para mim, talvez os longos anos passados me imobilizaram o físico, mas a vontade nunca esteve adormecida.
 Deus quis que eu estivesse mais do que pronta hoje. Pense em mim, caro Piero, me abençoe. Agora todos vocês estão em perigo, de qualquer modo um pouco em todos os lugares. Portanto lhe saúdo e lhe beijo muito muito e lhe abraço forte.
 
Sua irmã Paggetto
Agradeça e saúda Gina.


Como citar: BIANCONI, Leonardo. "O que é uma carta de um condenado a morte?". In "Revista de Literatura Italiana", v. 3, n. 3, set-dez, 2022.  Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/240149




[1] Disponível em: <http://www.ultimelettere.it/LastLetters/>. Acesso em: 07/07/2021.
[2] Como indicativo da importância das cartas dos condenados para a sociedade italiana é interessante ver como elas aparecem no filme “De crápula a Herói” (1959) (Il generale Della Rovere) de Roberto Rossellini. Na trama o trapaceiro Bordone (Vittorio De Sica), que mantém contato com as repartições da ocupação nazista na Itália, deve se passar pelo general Della Rovere, chefe da resistência, para obter informações ao suboficial alemão de quem é cumplice. No presídio onde assume esse papel, Bordone se sensibiliza com as “cartas” dos condenados que estão escritas nas paredes da cela e pergunta ao carcereiro se as famílias foram informadas do destino daquelas pessoas. É nítido no filme que o que toca Bordone e o faz passar de crápula a herói são as cartas daqueles prisioneiros, já condenados e executados, incisas na parede do cárcere.
[3] PIRELLI, G; MALVEZZI, P. Lettere dei condannati a morte della Resistenza italiana (8 settembre 1943-25 aprile 1945).  Torino: Einaudi, 1951.
[4] MALVEZZI, P.; PIRELLI, G. Lettere dei condannati a morte della Resistenza italiana. Torino: Einaudi Editori, 2003, p. XIV. Trad. nossa.
[5]Disponível em <https://www.firenzetoday.it/cronaca/lorenzo-orsetti-ucciso-isis-lettera-addio.html> Acessado em 06/09/2022.
[6]  Disponível em: < http://www.ultimelettere.it/?page_id=105> Acessado em 06/06/2022.
[7] FRANZINELLI, M. Ultime lettere di condannati a morte e di deportati della resistenza 1943-1945. Milano: Ed. Mondadori, 2006.
[8] BONIZZI, Giuseppe, Disponível em: <http://www.ultimelettere.it/?page_id=52&ricerca=697&doc=941>. Trad. Nossa. Acesso em: 07/07/2021.
[9]Disponível em: <http://www.straginazifasciste.it/>. Acesso em 04/02/2021.
11] Sobre Beppe Fenoglio e sobre a canção Bella Ciao consultar a dissertação de mestrado BIANCONI, Leonardo. Bandidos e heróis: os partigiani na Resistenza de Beppe Fenoglio, 2013. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/107312/321215.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 15/02/2021.

[12] A biografia e a carta com o texto original esta disponível em: <http://www.ultimelettere.it/?page_id=52&ricerca=82&doc=513> Acesso em: 15/02/2021 (Tradução nossa.).